segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

07 de Janeiro


Fundação da Aldeia-contra-a-lógica

Após sufocar o levante da setecentésima septuagésima sétima cidade [com a excessiva coerência e o próprio exagero dos números permitindo pôr em dúvida esta informação], o Sultão Tohirbek Yursinoy [barba vermelha e dedos sujos de gordura] ordenou a construção à margem do Golfo [areias brancas e tamareiras] de uma cidade na qual a única lógica seria o seu Poder [palavras do seu Vizir Feruz , do clã dos Oygul, antes de levar 99 chibatadas por seu bom trabalho, em mais uma demonstração de falta de lógica].

Na Aldeia, Yursinoy construiu palácios de ouro e pedras preciosas e os doou a mesquinhos sedentos de dinheiro, enquanto homens honrados ganhavam cubículos em que mal cabiam os pés. Numa cidade quente, as árvores foram cortadas. Leis severas proscreviam a prostituição enquanto os guardas eram ordenados a incentivá-la em disfarce. A expansão da cidade se dava sobreas árvores de óleo, seu virtual único produto de exportação.

O povo tudo pedia ao Sultão, que dava deliciosos doces ou bofetadas para o mesmo feito. Seu Vizir insistia em seguir um caminho estreito e às vezes recebia feudos e outras permanecia meses à beira do reino do Paraíso, de tão graves os ferimentos. Sua neta Oygul [olhos negros e cabelos na cintura] teve a coragem de olhar [olhos secos] enquanto o avô recebia os 99 açoites. Concluiu que o culpado de tudo eram os machos da espécie, e que nem Amhitar nem a Esfera Inteira teriam paz sob o domínio deles.

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