Fundação da
Aldeia-contra-a-lógica
Após sufocar o levante da setecentésima septuagésima sétima
cidade [com a excessiva coerência e o próprio exagero dos números permitindo
pôr em dúvida esta informação], o Sultão Tohirbek Yursinoy [barba vermelha e
dedos sujos de gordura] ordenou a construção à margem do Golfo [areias brancas
e tamareiras] de uma cidade na qual a
única lógica seria o seu Poder [palavras do seu Vizir Feruz , do clã dos
Oygul, antes de levar 99 chibatadas por seu bom trabalho, em mais uma
demonstração de falta de lógica].
Na Aldeia, Yursinoy construiu palácios de ouro e pedras
preciosas e os doou a mesquinhos sedentos de dinheiro, enquanto homens honrados
ganhavam cubículos em que mal cabiam os pés. Numa cidade quente, as árvores
foram cortadas. Leis severas proscreviam a prostituição enquanto os guardas
eram ordenados a incentivá-la em disfarce. A expansão da cidade se dava sobreas
árvores de óleo, seu virtual único produto de exportação.
O povo tudo pedia ao Sultão, que dava deliciosos doces ou
bofetadas para o mesmo feito. Seu Vizir insistia em seguir um caminho estreito
e às vezes recebia feudos e outras permanecia meses à beira do reino do
Paraíso, de tão graves os ferimentos. Sua neta Oygul [olhos negros e cabelos na
cintura] teve a coragem de olhar [olhos secos] enquanto o avô recebia os 99
açoites. Concluiu que o culpado de tudo eram os machos da espécie, e que nem
Amhitar nem a Esfera Inteira teriam paz sob o domínio deles.
Nenhum comentário:
Postar um comentário