Data do Sacrifício Primordial
Da ditadura do General-de-Batalhão Iqbol Shaavkhat (ou Chavkat,
como no diário oficial de seu governo de apenas dezenove dias) restou pouco, e
desse pouco só três coisas são lembradas, mais como fonte de riso. O conjunto
estético formado pelos seus bigodes, sua careca e seu uniforme cinza-acentuado;
o Itinerário do Mundo, filme
inacabado feito pela Casa Civil do governo, encontrado anos depois e que por
suas constantes repetições (dizem) inspirou O
Ano Passado em Marienbad; e a tentativa dar uma hierarquia a cada um dos
dias do ano. O dia de hoje, dizem que por pressão dos Oficiais do Capuz Negro, a mais influente aglomeração política do
breve governo, foi incluído como a sétima mais importante festividade.
Sua descrição é que antes os homens recebiam uma cuspida,
devolviam uma facada. Eram roubados em dez centavos, queimavam quinze casas. Um
sábio homem disse que para ter paz se devia sacrificar um membro da comunidade.
Ele deveria ter todas as qualidades e nele deveria ser enterrado o ódio.
O escolhido foi ele mesmo. Seus esperneios e gritos abalaram
sua fama de santidade mas não lhe salvaram a vida. Daí se criou a civilização
em Amhitar.
O general pensou em um nome para esse herói primeiro, e
deu-lhe o de Inabat, o sobrenome de solteira de sua mãe. Estranha homenagem
pouco durável. No dia seguinte os exércitos de Lev Trotski chegaram e o general
foi fuzilado como Traidor, Reacionário e
Implacável inimigo das massas.
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