sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

18 de Janeiro

Dia da Recusa à Opressão da Família Burguesa


As greves e as linhas enferrujadas do telégrafo fizeram com que a notícia da Revolução Bolchevique só chegasse a Amhitar no dia 14 do primeiro mês de 1918 (31 de dezembro dos Ortodoxos, 8 de Rabi dos Muçulmanos, 15 de Myhumirxx da Seita Khazyr). Por três dias a perplexidade (pois a distância fazia o poder do Czar parecer invencível) dominou, e depois o medo. O Palácio das Dezoito e Meia portas amanheceu abandonado pela Guarda Negra, que, segundo a piada, amarelou de medo. E o poder caiu na mão do único que restou.

Gulchik Oygul (dizem em informação apócrifa tatara-tataraneto da temida Raya Oygul) tivera um microdestaque com a publicação de três opúsculos: um livro de sonetos louvando o navegador Sayyd Umarkhan; dezenove poemas sobre as vinte e duas espécies de rosas de Amhitar (sendo três deles secretos) e um surpreendente folheto sobre a utilidade das cargas de cavalaria em combate. Baixinho e magro, quando sentou no trono abandonado declarou que sua revolução era mais profunda que a dos sovietes, e decretou que As mulheres casadas estão livres para viverem seus amores fora da opressão matrimonial, e as solteiras não devem dar nenhuma importância à pecha de não-virgens.

Deposto e exilado quarenta horas depois, o governo provisório, em um gesto conciliador, decretou a data comemorada hoje. Dizem muitos que, naquelas quarenta horas, Amhitar foi uma verdadeira Gomorra, e o dizem não sem certa inveja.

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