quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

24 de Janeiro

A Incerta Ascensão de Feruz Karimhov


Há pouca dúvida, mesmo em uma história assolada de mitos como é a de Amhitar, que seja no dia de hoje que Feruz Karimhov sumiu do mundo dos vivos e que tal ocorreu no ano dos hereges de 1617, embora as certezas por aí parem.

Durante gloriosos sete dias [algumas versões assinalam onze] este sapateiro consertou o mundo. Parava joalheiros e comerciantes e descrevia a fome dos pobres. Quando os ricos não se comoviam Karimhov lhes afundava ao punhal nas barrigas. As moedas roubadas (ou expropriadas) eram jogadas nas casas humildes, embora alguns humildes gritassem que  Karimhov devia trazer-lhes mais dinheiro, que ele os roubava.

A diferença entre a rápida trajetória do herói de Amhitar e a longa carreira de Robin Hood reside na diferença entre um homem real e um mito. Inevitavelmente os guardas do Sultão o arrastaram para um morro e a degola. As testemunhas divergem. Para a maioria, uma adaga da altura de sete montanhas rasgou as nuvens e o herói subiu num pulo e num sorriso. Outros não concordam, mas foi a versão que prevaleceu.

Quiseram os deuses [mas os deuses não querem nada, segundo a mitologia Khazyr] que o herói Feruz Karimhov tivesse o sobrenome semelhante ao do ditador Islam Karimov. A data de hoje é a única comemorada tanto pelo governo, que a celebra enforcando quatro oposicionistas, como pela oposição, que, entrincheirada nas serras, se recusa a revelar o nome dos soldados do governo que envia para junto do herói.

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