domingo, 27 de janeiro de 2013

27 de Janeiro

A Sétima Arte do Primeiro Filme


A História Oficial afirma [de maneira considerada duplamente errônea] que hoje no ano de 1919 estreou Itinerário do Mundo, o sétimo filme feito em Amhitar [tendo os seis primeiros se perdido], com cola caseira e tesoura servindo de material de edição e que apesar de tudo se revelou obra prima que inspirou a obra [genial ou supremo aborrecimento, de acordo com o crítico] O Ano Passado em Marienbad, do francês Alan Resnais. Tal versão, como tudo, recebeu seus contestadores, especialmente o crítico Jasur Iroshka, o qual, antes de seu desaparecimento, publicou o opúsculo A Odisseia dos Inexistentes, com sete peças de crítica literária, três novelas e um conto, este último de ficção científica, escrito em uma língua incompreensível na qual só se entendem duas palavras, Os Saticons.

Na segunda de suas críticas, Jasur afirma que Itinerário do Mundo não repete cenas, o que o torna muito diferente do filme do francês. Consiste na verdade em uma câmara colocada na mesma posição, a qual registra os gestos diários das pessoas de uma rua – as aparentes repetições, longe de sofisticação artística, simplesmente refletem a monotonia da vida.

Isso já seria golpe suficiente no amor próprio nacional, se o crítico ainda não acrescentasse que Amhitar possuía uma pujante indústria cinematográfica anterior – com títulos como A Bacanal de Afrodite ou O Harém Proibido do Paxá. Dizem que a isso se deve seu sumiço em uma viela em Xangai em dezembro de 1942.

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