O governo do SemiSultão Dhoxrux (1849
a 1868) passou para história como o supremo da monotonia – o próprio SemiSultão
retratado como um gordo comedor de manteiga de elefanta. [SemiSultão – tradução
aproximada de Kahrzz-ul-Magouir – que
significa algo como chefe sem ser na
inteireza]. Mas isso só se refere à segunda metade do seu reino. Na primeira
aconteceu a sensacional descoberta, na beirada do Mar de Aral, de uma caverna
coberta de inscrições rupestres.
Akmal Sabohat, um dos primeiros
habitantes de Amhitar a frequentar uma universidade [em Montpellier] a
descobriu e destruiu, ao menos simbolicamente. Quando descreveu os belíssimos mamutes,
cervos, peixes e alces naquele buraco em Dhazmiir, levou algum tempo para
convencer a todos de seu entusiasmo. O Semi-Sultão, a princípio relutante, campeonou
a ideia de O Homem Primordial era de
Amhitar. Akmal panteonou-se como herói.
Não por muito. O próprio Akmal
desconfiou que alguns daqueles animais eram falsos. Mais: que eram cópias não
muito bem-feitas de desenhos da Revue de
Deux Mondes. Passou a inimigo da pátria. O SemiSultão o baniu e Akmal para
continuar com a cabeça enterrou-se como médico de uma aldeia miserável na
Normandia e nunca mais quis saber de cavernas. Seus adeptos dizem que fora o próprio
Dhoxrux que ordenara aquelas pinturas, como factóide para um governo que já se
monotonizava. Proibida a princípio, essa versão acabou esquecida por puro tédio.
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