segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

28 de Janeiro

Descoberta dos duvidosos alces da caverna Dhazmiir


O governo do SemiSultão Dhoxrux (1849 a 1868) passou para história como o supremo da monotonia – o próprio SemiSultão retratado como um gordo comedor de manteiga de elefanta. [SemiSultão – tradução aproximada de Kahrzz-ul-Magouir – que significa algo como chefe sem ser na inteireza]. Mas isso só se refere à segunda metade do seu reino. Na primeira aconteceu a sensacional descoberta, na beirada do Mar de Aral, de uma caverna coberta de inscrições rupestres.

Akmal Sabohat, um dos primeiros habitantes de Amhitar a frequentar uma universidade [em Montpellier] a descobriu e destruiu, ao menos simbolicamente. Quando descreveu os belíssimos mamutes, cervos, peixes e alces naquele buraco em Dhazmiir, levou algum tempo para convencer a todos de seu entusiasmo. O Semi-Sultão, a princípio relutante, campeonou a ideia de O Homem Primordial era de Amhitar. Akmal panteonou-se como herói.

Não por muito. O próprio Akmal desconfiou que alguns daqueles animais eram falsos. Mais: que eram cópias não muito bem-feitas de desenhos da Revue de Deux Mondes. Passou a inimigo da pátria. O SemiSultão o baniu e Akmal para continuar com a cabeça enterrou-se como médico de uma aldeia miserável na Normandia e nunca mais quis saber de cavernas. Seus adeptos dizem que fora o próprio Dhoxrux que ordenara aquelas pinturas, como factóide para um governo que já se monotonizava. Proibida a princípio, essa versão acabou esquecida por puro tédio.

Nenhum comentário:

Postar um comentário