A passagem das dezesseis horas e
trinta e oito minutos para as dezesseis horas e trinta e nove minutos do dia de
hoje marca no calendário Khazyr o equivalente à meia-noite do dia de ano novo nos
demais calendários. No auge da cultura Khazyr o povo comemorava, em vez de com fogos
de artifício, com bocejos e um ou outro choro lamentoso. [Na sua decadência a
cultura Khazyr foi mais alegre].
Seu calendário, usado até hoje
por certas seitas como os Selvagens
Alados, pode ser transliterado como Jamaakhyr-ol-Dinjaab,
aproximadamente a expressão Meses ilógicos como as estrelas. Diz a versão
do historiador Dilafruz Michelet [como sempre contestada como excessivamente romântica]
que a data de hoje foi escolhida exatamente por ser oposta a de outros calendários.
Esses geralmente se baseiam nos solstícios e equinócios e nascimento de
profetas. Já o dia de hoje não significa nada, nem astronomicamente, nem na
história pátria. Nele não nasceram grandes gênios nem se lamentam grandes
batalhas. Essa falta de significado talvez
forme a grande originalidade da cultura Khazyr, e, talvez, de toda a cultura
Amhitar em relação aos demais povos do mundo – diz o entusiasmado
historiador patriota.
A própria narrativa Khazyr desmente um tanto esses arroubos –
segundo ela, os deuses criaram o tempo nesse dia pouco significativo porque os deuses não querem nada, e se o
querem, é por puro tédio de serem deuses.
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