Vieram e deixaram pilhas de
estupros, cadáveres e tripas e fugiram para o Norte. Ocorreu na data de hoje [27
de Rabi da Hégira, ou 9 de Kheomirxx no calendário Khazyr], há cerca de treze séculos,
com uma variância de sete dias para mais ou para menos – essa é a história
oficial.
A história oficiosa [talvez tão
irreal quanto a primeira] narra que os inimigos [ou seus desenhos] variaram
como o vento – no começo tinham três chifres [o terceiro no meio da testa nunca
tendo sido satisfatoriamente explicado], depois se tornaram algo parecidos com humanos,
apesar do chapéu de metal de asas pontudas de quatro braças. A história da fuga
também é questionável – apesar de se dizer que nunca desapareceram, não há testemunhos
minimente seguros da existência de tais inimigos nos últimos onze séculos. Quanto
ao massacre, um cemitério venerado como portador dos ossos das vítimas,
escavado, só produziu areia.
A invasão primordial possibilitou
o gasto de muitas moedas para construir muros, fossos e torres de vigia contra
esses terríveis, que sempre estavam nas montanhas que às vezes se viam, às
vezes não, muito ao longe. Oficiais eram condecorados por impedir que o inimigo tivesse coragem de dar as caras e
empreiteiros sempre atendidos em suas advertências de que as muralhas
precisavam de reforço. Geralmente eram eles que mandavam contar dos horrores do massacre, e como era necessário
manter-se vigilante para que nunca mais acontecessem.
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