Os Zhamyares vieram por volta do
século VII das planuras do leste [segundo os tradicionalistas], ou dos pântanos
do oeste [diz o pensamento mais novo]. As quatro únicas esferas de pedra que
deixaram [traduzidas não sem algum mistério no dia de hoje em 1744 pelo
linguista Abdullaeva Behruz – segundo ele, sua língua era uma distorção ilógica
(e por isso fascinante) de um dos 199 dialetos Khazyr] deixam claro o
reducionismo do apelido que a eles foi dado, de o estranho povo.
Uma das esferas fala de arte
militar. Nas guerras dos Zhamyares, os generais vencedores recebiam tudo do
melhor e do bom, os licores mais finos, os suflês mais suaves e as cortesãs de
pele mais macia – e depois tinham sua cabeça cortada em praça pública. [Eram
substituídos por outros que depois de vencedores tinham o mesmo destino – se perdedores,
o próprio inimigo se encarregaria de matá-los.]
Sua lógica era [embora longe de
ser consensual] impecável – generais vivem de mandar homens para a morte. Nada mais
natural que eles mesmos morram também. O contrário seria injusto. Ao argumento
de que os melhores generais deviam ser poupados os Zhamyares diziam que nada é mais fácil que ser chefe – é só não
se importar com a morte dos outros.
Em pequeno pós-escrito o
linguista acrescentou não sem malícia que os testemunhos do povo Zhamyar foram compreensivelmente
destruídos por ordens de reis, xeques e generais – por isso restaram tão poucos.