O primeiro palhaço de Amhitar
eram na verdade três [ou cinco, de acordo com o improvável cronista estrangeiro
Gelasiminius, ou nove e meio, na surpreendente versão bem-humorada do (quase)
sempre soturno historiador do século XIX Iusya Marzhaffar]. A versão mais
corrente [tão entremeada de piadas que se torna impossível distinguir se é verdadeira]
conta que um número indefinido de rapazes e moças veio se apresentar a um
indefinido chefe tribal em indefinidos tempos sempre antigos.
Tal chefete [como é óbvio] sofria
de cálculos biliares, mau humor e uma tendência a ver tudo cinza, metafórica e
literalmente. Do grupo, um era gordo de quebrar cadeiras, outro magro de caber
em garrafas, dois partiam jarros em estúpidas tentativas de malabarismo e um anão
dava conta do “e meio” da estatística de Iusya. O momento drástico [contam mais
da metade das versões] foi quando uma moça vesga rasgou um travesseiro de penas
em cima do chefe. Este por um momento pensou em azeite fervente, camas de
pregos e chicotes com nós de ferro. Mas se enterneceu e então as versões se
dividem: uns dizem que o chefe casou com a moça e fez dos outros os seus mais
elevados cortesãos. Outros, que se tornaram governadores das províncias e governaram
um tempo feliz. Ninguém sabe, nem mesmo o sóbrio monge Gelasiminius, que
registrou o dia de hoje como a data do feito, e completou que é uma história por demais bela para não ser
real.
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