quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

06 de Fevereiro

Brincadeiras do dia


O primeiro palhaço de Amhitar eram na verdade três [ou cinco, de acordo com o improvável cronista estrangeiro Gelasiminius, ou nove e meio, na surpreendente versão bem-humorada do (quase) sempre soturno historiador do século XIX Iusya Marzhaffar]. A versão mais corrente [tão entremeada de piadas que se torna impossível distinguir se é verdadeira] conta que um número indefinido de rapazes e moças veio se apresentar a um indefinido chefe tribal em indefinidos tempos sempre antigos.

Tal chefete [como é óbvio] sofria de cálculos biliares, mau humor e uma tendência a ver tudo cinza, metafórica e literalmente. Do grupo, um era gordo de quebrar cadeiras, outro magro de caber em garrafas, dois partiam jarros em estúpidas tentativas de malabarismo e um anão dava conta do “e meio” da estatística de Iusya. O momento drástico [contam mais da metade das versões] foi quando uma moça vesga rasgou um travesseiro de penas em cima do chefe. Este por um momento pensou em azeite fervente, camas de pregos e chicotes com nós de ferro. Mas se enterneceu e então as versões se dividem: uns dizem que o chefe casou com a moça e fez dos outros os seus mais elevados cortesãos. Outros, que se tornaram governadores das províncias e governaram um tempo feliz. Ninguém sabe, nem mesmo o sóbrio monge Gelasiminius, que registrou o dia de hoje como a data do feito, e completou que é uma história por demais bela para não ser real.

Nenhum comentário:

Postar um comentário