Nada aconteceu no ano de 1705 a não
ser que nele Dilshod Mukhayyo publicou a sua Irrefutável Prova da Inexistência das
Coisas.
Nesse tratado [que não teve sucesso
até sua segunda edição 199 anos depois em versão trilíngue de uma gráfica de
fundo de quintal em Shangai] o filósofo esfarela as teorias céticas. Quem dizia
que o mundo era uma ilusão criada por um ente mágico só para iludi-lo [uma crítica
endereçada ao amhitariano Muniza] sofria de egocentrismo infantil. Quem
duvidava de tudo para a partir da dúvida reconstruir as certezas [a teoria de Zakhmir-al-Marrhubi,
ou René Descartes] não passava de uma contradição ambulante.
A inexistência parte das
pequenezas: duas pessoas não veem a mesma flor vermelha. Uma aponta e diz:
vermelha, a outra aponta e diz: vermelha, só que nenhuma está no cérebro da
outra para dizer se aquele objeto é o mesmo. Portanto [em um salto epistêmico
que não deixou de ser criticado] a cor não existe. O mesmo no tocante à forma.
E como os objetos são combinações de forma e cor, se estas não existem nada
existe. Não se trata de negar o mundo para reivindicar paz ou compreensão. Trata-se
de negar mesmo.
Resta o problema de, diante da
inexistência das coisas, o que se fazer. Uma versão diz que o filósofo escreveu
um livro com esse título, do qual restam três exemplares, dois no cofre do
ditador Karimov e o último encerrado no depósito especial do Serviço Secreto
britânico, uma história talvez demais romanesca para ser real.
Nenhum comentário:
Postar um comentário