terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

12 de Fevereiro

O criador de sonhos


A fama [não de todo indevida] de Amhitar de ser uma terra de palácios abandonados, águias falantes e caminhos sem saída se deve [ao menos em parte] a um estrangeiro, que hoje em 1804 na rua D´Orsay em Paris publicou sua Viagem Magnífica da minha Juventude, da qual se arrependeu, recomprou e queimou os exemplares, com exceção de um em poder das Brigadas Libertadoras al-Temurbek e de outro leiloado a um comprador incógnito na Sotheby´s de Londres.

Ramsheed-Barumi-N´gaar [Augustin de Saint-Hilaire] antes de aventurar por incivilizados países tropicais aventurou-se por Amhitar [isso é quase consenso entre os estudiosos]. Logo na segunda página descreve um labirinto feito por um antigo rei. Os céticos Iusya Marzhaffar e Serguei Kovinev espinafram. Este último explode [não sem ironia] que segundo certos viajantes antigos e certos contistas modernos os reis nada tinham a fazer a não ser construir inúteis labirintos, quando, como exploradores feudais que eram, deveriam se dedicar em tempo integral a explorar e matar quem se rebelasse contra a exploração.

A obra se estende por mais labirintos, mais palácios e mais civilizações antiquíssimas. Só ganha credibilidade quando se refere a um tigre de prata, e se descobriu de fato um tigre de pelo quase prateado, meio século depois. Nem isso fez cessar as críticas à obra, que hoje é geralmente considerada [não sem crueldade] como mais um delírio de um europeu em busca de exotismos.

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