Cosmas, o Indicopleustes, viveu
no século VI e os homens o louvaram como sábio. Hoje o acusam de tolo. Além de um par de citações no Declínio e Queda do Império Romano de
Gibbon dele só se soube quando (não sem certa crueldade) a Sociedade Hakluit traduziu
um dos dois exemplares de sua Topografia
Cristã para a língua bárbara (o inglês). A partir de então o vulgo o acusou
de ser o idiota que via o mundo como uma chapa horizontal, com paredes verticais
fechadas por um semicírculo – como uma caixa de guardar pão.
Não tem nome - pois Cosmas nada mais é que uma menção ao seu
estudo do Universo, e Indicopleustes
significa banalmente aquele que foi à Índia.
Em Amhitar este homem inominado ganhou larguras de quase-herói. Depois de
visitar reinos há sete séculos esquecidos como os Lazi, os Mingrelianos e os
habitantes de Colchos, o viajante atravessou as paredes de lápis-lazúli (no dia
de hoje, segundo a tradição) e adentrou uma terra planíssima, com apenas uma
imensa montanha em volta da qual girava o sol – e quando este se encontrava
detrás dela, fazia noite. Os habitantes o resgataram da morte pela sede, e de tão
grato escreveu sua obra inspirado em Amhitar [diz uma das lendas]. A outra diz
que sua gratidão se deveu a que um xamã lhe presenteou um harém de dezenove belas
garotas, tanto que o viajante após voltar à sua Síria natal resolveu dedicar-se
à escrita e à penitência – mas essa segunda história por bem poucos é levada a
sério.
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