terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

19 de Fevereiro

A descoberta do múltiplo rio


Nove expedições desceram o rio Syr-Daria [este é o número da tradição, assinalado também na enciclopédia da Academia Soviético-Proletária da Ásia Central; o monge Gelasiminius duvida de duas, diminuindo o número para sete; Abdul Al-Wazahari – a quem o assunto visivelmente desagrada – diz que não houve nenhuma, embora – é claro – todos esses cronistas escrevam em épocas diferentes.]

Afirma o monge que a primeira expedição [à qual a tradição turcomana atribui a data inicial de 16 de Sha´ban, ou 19 de fevereiro] se compunha de barbados idosos, decididos a não morrer antes de cometer um feito heroico e nisso foram satisfeitos, pois as corredeiras do ramo montanhoso afogaram todos menos um. Agrega o prudente eclesiástico que sua versão, por ser de um só, é menos que confiável. A Academia diz que não havia corredeiras, os exploradores eram jovens, apenas três morreram de malária e o resto de velhice. Acrescenta que esta é apenas uma das variantes quanto à geografia do rio. Em uma, o rio tem sete cachoeiras, uma a tocar o céu, e as exploradoras eram mulheres. Noutra, o rio é plano e atravessa um deserto de pedras e outro de areia, e silencia quanto aos marinheiros.

Al-Wazahari pretende resolver a questão. Syr-Daria é apenas um nome [eventualmente conferido a um rio específico]. Mas, naquela época, desde riachinhos até golfos recebiam esse nome. Por isso todas essas histórias podem ser ao mesmo tempo verdadeiras, e portanto nenhuma o ser.

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