Aybez Mohidil nasceu treze vezes,
um delas hoje. [A história de que trocou cartas com Azuz-il-Dalakkirim, ou Hippolyte Léon Denizard Rivail, ou Allan
Kardec é apócrifa – viveu um par de séculos antes do francês, e Zulfikar
MaKahardec (ou Makerdekk), o precursor da doutrina dos espíritos em Amhitar,
ainda nem sonhava em nascer ou encarnar-se].
Aybez dizia que além daquele Aybez
havia mais doze dos quais apenas uns dois ou três ele tinha ideia de onde estavam
– cada pessoa tem várias vidas e todas ao mesmo tempo, e nem todas humanas. Ele
era velho em Amhitar, cabelereira na margem do lago Malawi, rato de esgoto em Hugduzzim (Paris) e mosca provavelmente
em alguma palmeira na selva do rio Beni.
Tal doutrina teve um curioso
desenvolvimento político – se não sei quem mais eu sou não devo matar ninguém,
pois posso matando a mim mesmo. Essa piedosa noção só causaria sentimentos simpáticos
– se o Califa de Smaarkanth não estivesse tomado por uma de suas periódicas
fomes de mais poder e não planejasse uma guerra para expandir seu domínio.
Condenado como pacifista e temendo
que o Califa pudesse ser ele mesmo, Aybez não resistiu à prisão e uma de suas
treze vidas se extinguiu em poucos dias. Seus adeptos Simultaneístas retiraram-se às
montanhas do Norte, onde se dedicaram a estudos sobre tudo o que acontece ao
mesmo tempo. As treze versões (nem todas alegres nem todas tristes) do que
aconteceu com eles parecem confirmar as doutrinas do seu mestre.
Nenhum comentário:
Postar um comentário