Diz a história que três reis [antigamente se diziam que eram magos, mas críticas de que a história
era muito parecida com outra, em voga no Oriente Médio, apagou a sua profissão],
em ano indefinido visitaram o que era então um deserto. Uma mulher em trabalho
de parto os esperava numa caverna. Os reis [dos quais a multiplicidade de versões
dos nomes tira a credibilidade de todas] lhes deram presentes, água, amêndoas e
[inevitavelmente] ouro e foram embora.
Da China viera um dos reis. O outro da longínqua planície do Hindustão.
O terceiro fizera longa viagem das margens do mar Cáspio, do reino dos Colchos,
embora a própria história diga que ele simboliza todos os povos ao poente. E a
criança, por ter nascido em um território vazio entre três povos sem nada em
comum seria o primeiro amhitariano. O qual inevitavelmente tem um nome simbólico,
Murbek, que no dialeto Bakhmar
significa Pioneiro.
De tão combatida essa história pelos intelectuais, queda
quase inexplicável que o dia de hoje [dia zero do mês Hoxxthur, de acordo com o
ilógico calendário Khazyr] continue fazendo parte da lista de efemérides de
Amhitar. A Enciclopédia Soviético-Proletária
da Ásia Central, edição de 1966, elaborada pela Academia do mesmo nome, explica
tal fato como uma reminiscência de um domínio feudal, o qual o próprio progresso
da Revolução tratará de apagar.
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