Os últimos membros da Academia de Ciências de Amhitar com
orgulho (ou com a audácia do desespero) tomaram suas duas últimas atitudes –
uma a publicação da biografia e obras completas do vidraceiro Zulfizar Oygul –
e a outra uma moção afirmando que Para
sempre Amhitar será ela mesma, jamais submergindo sob o nome rasteiro de Uzbequistão. Essa última foi votada
quando as botas dos oficiais da polícia política soviética, a NKVD, já se
juntavam nos caminhões fabricados na Bielo-Rússia para fechar à força o velho
sodalício.
O Relatório do Comitê Central do Partido Comunista Soviético na República
do Uzbequistão daquele 1933 afirma que a Academia era um antro de burgueses capitalistas, o que estava longe de
retratar a realidade daqueles professores e poetas com poucos rublos no bolso. A
Academia apenas defendia um passado misterioso e sedutor. (Dilafruz Michelet a
criou em 1872 - o poeta da história,
acusado de entupir Amhitar com mais heroísmos e histórias de amor que qualquer
outro país). O crime dos Acadêmicos foi o de amar o passado quando o Partido o
via como um degrau que se pisa visando o futuro.
O novo Poder fundou a Academia Soviético-Proletária da Ásia
Central quarenta dias depois. Seu presidente o geógrafo marxista Serguei
Kovinev teve a coragem de render homenagem aos tresloucados porém belos acadêmicos de Amhitar e teve de se
explicar perante o Comitê Central.
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