Breanna Oygul subiu ao palco. [O segundo
número do Boletim da Academia
Soviético-Proletária descreveu não sem constrangimento a cena acontecida
naquele confuso 1919, talvez com mais sobriedade do que o real]. Cabelo puxado
para trás, óculos largos e vestido escuro até o tornozelo - e acompanhada de
outras vestidas mais ou menos do mesmo – a figura da jovem de vinte e seis anos
trocava choques com o tema de sua palestra: Da
completa liberdade da mulher, e da necessidade de toda mulher ou moça de ter o
maior número possível de parceiros para ser feliz. Citando fontes anônimas
o Boletim informa que na alocução não
se ouvia um riso – a postura da palestrante esmagou qualquer vergonhinha.
Após o discurso fundamentado em
estudos médicos e filósofos clássicos a moça convidou a todos a viverem a prática
libertária – e sua mão desfazendo os botões foi o sinal. Durante três quatros
de hora [e então parece transpirar o contido entusiasmo dos redatores do
Boletim] mulheres e homens, velhos e jovens, nem todos modelos de foto, realizaram
o ritual de completa libertação da
sociedade patriarcal que ameaça destruir a mulher e o mundo. Depois todos
se vestiram e a palestrante retomou sua postura sóbria e deixou claro que aquilo era um manifesto político, não uma demonstração
de irresponsabilidade.
Há poucas dúvidas de que o fato ocorreu
– apenas – e pouco explicavelmente – não há muitos que escrevam sobre ele.
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