quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

27 de Fevereiro

A Sobriedade da Libertinagem


Breanna Oygul subiu ao palco. [O segundo número do Boletim da Academia Soviético-Proletária descreveu não sem constrangimento a cena acontecida naquele confuso 1919, talvez com mais sobriedade do que o real]. Cabelo puxado para trás, óculos largos e vestido escuro até o tornozelo - e acompanhada de outras vestidas mais ou menos do mesmo – a figura da jovem de vinte e seis anos trocava choques com o tema de sua palestra: Da completa liberdade da mulher, e da necessidade de toda mulher ou moça de ter o maior número possível de parceiros para ser feliz. Citando fontes anônimas o Boletim informa que na alocução não se ouvia um riso – a postura da palestrante esmagou qualquer vergonhinha.

Após o discurso fundamentado em estudos médicos e filósofos clássicos a moça convidou a todos a viverem a prática libertária – e sua mão desfazendo os botões foi o sinal. Durante três quatros de hora [e então parece transpirar o contido entusiasmo dos redatores do Boletim] mulheres e homens, velhos e jovens, nem todos modelos de foto, realizaram o ritual de completa libertação da sociedade patriarcal que ameaça destruir a mulher e o mundo. Depois todos se vestiram e a palestrante retomou sua postura sóbria e deixou claro que aquilo era um manifesto político, não uma demonstração de irresponsabilidade.

Há poucas dúvidas de que o fato ocorreu – apenas – e pouco explicavelmente – não há muitos que escrevam sobre ele.

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