O dia 7 do mês de Ramadan [dia 49
de Zyhrrak no calendário Khazyr, ou 3 de abril dos hereges] compete com dezenove
outros para ser a data da entrada de Marco Polo no reino de Amhitar. [O
levantamento do número de dias (além de perorações sobre a viagem) constam em
artigo (não assinado) do caderno 2 da Gazeta
de Tashkent, edição de 15 fevereiro de 1960.] O fato em si é menos incerto:
em 3 das [no mínimo] 9 versões existentes das memórias do famoso viajante consta
uma passagem na qual ao entrar no país é recebido com uma ceia de pão roxo com
manteiga de elefanta, sendo este o prato nacional à época.
As versões divergem quanto às circunstâncias
de tal refeição. Em duas delas [seguidamente acusadas de serem falsificações] o
[jovem] Marco enche a barriga na casta companhia de seus dois tios. Na terceira
[a qual infelizmente (o adjetivo consta no artigo) ostenta sinais de papel e
tinta que sinalizam para sua antiguidade se não autenticidade] o rapaz tem seu
banquete numa tenda só com uma jovem morena [de colar e joia negra na testa] cujo
comportamento e palavras [além de esguia beleza] permitiriam qualificá-la como
uma moça que concede mais importância ao
ouro que à sua honra ou ao amor [na insuportavelmente pudica descrição do autor
anônimo].
A fama do viajante e um decreto
nunca revogado do breve governo do General Chavkat explicam a presença deste
fato nas efemérides nacionais. Os detalhes do repasto são compreensivelmente omitidos
nos discursos.
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