Serguei depois confessaria em
suas Memórias que, ao subir à Tribuna
[discurso à mão naquele 6 de abril de 1933] duvidou da existência do futuro. Não se tratava - diz na página 99 – de medo de desaparecimento individual ou de cataclismo
que engolfasse o último homem. Mas de
que algo além daquele momento viesse a existir ou tivesse existido.
O Partido fundava a Academia Soviético-Proletária da Ásia
Central no rastro do fechamento da Academia
de Ciências de Amhitar a 25 de fevereiro, esta criada seis décadas antes
pelo lendário [e romântico] historiador Dilafruz Michelet e acusada [como seu
fundador] de romantismo [além de decadência intimista e burguesa].
O Soviete Supremo chamou o geógrafo
Serguei Mikhailovitch Kovinev [espichado, cara chupada e barbicha] para
presidir a nova agremiação. Neto do médico Alexander Kovinev, Serguei herdou do
avô uma intensa fé no ateísmo [ao ponto de ter sido flagrado duas vezes de
joelhos e mãos postas orando para o deus
inexistente – embora o testemunho não seja incontroverso].
Igualmente conhecida era sua fé
no futuro. Curiosamente, na frente do Comitê Central e do Comando Regional do
Exército Vermelho e da Confederação dos Sindicatos tal convicção fraquejou. Dúvidas
como essa fizeram com que suas Confissões
por motivos políticos fossem restritas a uma tiragem de 777 exemplares, o mais
barato deles hoje valendo dez mil rublos nos sebos de Moscou.
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