Os historiadores e patriotas em
geral têm rejeitado o epíteto de Yursinoy Bakhram como O Platão de Amhitar. Filósofos da École Normale Supérieure parisiense concederam-lhe este apelido [ingenuamente]
nos anos 1950 como um elogio. [A informação de que a dupla inconformista Jean-Paul
Sartre e Simone de Beauvoir estivesse à frente do movimento é no entanto apócrifa].
A originalidade [e possível
superioridade] do filósofo amhitariano sobre seu contraparte grego [segundo
seus fãs] deve-se não apenas à sua antiguidade [embora haja poucas evidências
de que Yursinoy seja mais antigo que Platão – de fato, há poucas provas de sua
existência real] mas de que enquanto os gregos falavam metafísicas que ninguém
vivia, o amhitariano filosofava no mundo agora-e-aqui.
O Discurso da Galinha consiste no maior exemplo dessa alegada
simplicidade. Yursinoy definia a galinha como um ser com duas faces: interior e
exterior. Há uma galinha-para-o-mundo e uma galinha-para-a-galinha [seu rosto interior, que não se confunde
com sua pele virada ao avesso]. De tais noções vinha a relação da galinha com
tudo o que é não-galinha, extrapolada [depois de meia dúzia de silogismos] para
a relação eu-e-o-mundo.
A grande semelhança ocorre não
com Platão mas com seu mentor Sócrates – o Estado da época condenou Yursinoy a
tomar uma malvada beberagem. Há uma versão de que ele, ao tomá-la, subiu aos céus.
Outra, de que se tornou uma galinha [esta odiada pelos patriotas mais
exaltados].
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