sexta-feira, 26 de abril de 2013

26 de Abril

O Hamlet de Amhitar


No dia de hoje um arquivista [em 1828 ou 1829] descobriu 444 páginas e meia de um códice em pergaminho que contava uma história de um dos principados à borda do lago Sarygamysh. Um prestigioso rei havia morrido, seu irmão tomara o poder, sua cunhada com sete dias casara-se com ele, e seu sobrinho, filho do falecido rei, com a ajuda de alguns amigos fingia-se de louco para [dizem] provar que o seu tio rei era um assassino, vingar seu pai e apoderar-se do trono.

Em pouco estouraram as versões: moderados diziam ser a história de Hamlet na verdade amhitariana, chegada à Dinamarca por contações de caravaneiros; os radicais acusaram Shakespeare de plágio [tornado mais misterioso por que o tal manuscrito não tinha assinatura]. Uma terceira escola dizia que o pretenso inglês não o era, e sim amhitariano [o que não é tão inverossímil se considerarmos os poucos dados sobre a vida do bardo quinhentista].

Em 1948 tudo mudou. Nos arquivos nacionais [traidores] de Tashkent descobriram-se as restantes 14 páginas e meia que faltavam no pergaminho. Revelaram que o tal príncipe não mata o tio e sim faz um acordo pelo qual concorda em abrir mão da vingança em troca da promessa de sucedê-lo no trono, e mais  7 concubinas morenas, 7 louras, 77 palácios-castelos e 7 milhões de dinares de peso-ouro.  

Desmascarado o pouco idealismo do tal príncipe, desde então a data não tem sido celebrada e só a sonolência burocrática explica sua permanência nestas efemérides.

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