No dia de hoje um arquivista [em
1828 ou 1829] descobriu 444 páginas e meia de um códice em pergaminho que contava
uma história de um dos principados à borda do lago Sarygamysh. Um prestigioso
rei havia morrido, seu irmão tomara o poder, sua cunhada com sete dias casara-se
com ele, e seu sobrinho, filho do falecido rei, com a ajuda de alguns amigos
fingia-se de louco para [dizem] provar que o seu tio rei era um assassino, vingar
seu pai e apoderar-se do trono.
Em pouco estouraram as versões: moderados
diziam ser a história de Hamlet na verdade amhitariana, chegada à Dinamarca por
contações de caravaneiros; os radicais acusaram Shakespeare de plágio [tornado
mais misterioso por que o tal manuscrito não tinha assinatura]. Uma terceira
escola dizia que o pretenso inglês não o era, e sim amhitariano [o que não é tão
inverossímil se considerarmos os poucos dados sobre a vida do bardo quinhentista].
Em 1948 tudo mudou. Nos arquivos
nacionais [traidores] de Tashkent descobriram-se as restantes 14 páginas e meia
que faltavam no pergaminho. Revelaram que o tal príncipe não mata o tio e sim
faz um acordo pelo qual concorda em abrir mão da vingança em troca da promessa
de sucedê-lo no trono, e mais 7
concubinas morenas, 7 louras, 77 palácios-castelos e 7 milhões de dinares de
peso-ouro.
Desmascarado o pouco idealismo do
tal príncipe, desde então a data não tem sido celebrada e só a sonolência
burocrática explica sua permanência nestas efemérides.
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