sábado, 27 de abril de 2013

27 de Abril

A mentira das areias


Utnapishtim veio de longe [seu nome (nada amhitariano) significa Aquele-que-está-distante]. Mora [nos últimos dois mil anos] na Boca-dos-Rios [lugar cuja (duvidosa) adaptação ao contexto da Ásia Central talvez signifique as embocaduras do Syr-Daria e do Amur-Daria]. Este é o começo da história.

E a história veio de 55 páginas de um códice [falsamente] atribuído ao quase lendário cronista Abdul Al-Wazahari. O final da História [tingido de certa banalidade] mostra Utnapishtim vivendo tranquilo com sua esposa e filhos entre os juncos dos tais rios – e vivendo uma vida imortal.

Homem bom, os [caprichosos e inconstantes] deuses ordenam-lhe construir um grande barco, abrigar sua família e também uns animais, e aguardar a tempestade.

Seria um óbvio plágio de certo conto do Oriente Médio se a tempestade não fosse de areia. O mundo se encharcou de pó e mesmo parte da família de Utnapishtim foi eliminada, assim como parte dos animais.

Não só a comprovação da falsidade desmoralizou tal história, e nem mesmo só a tola substituição de água por areia. Os falsários [nunca descobertos] plagiaram uma velha história iraquiana sem mesmo se dar ao trabalho de trocar os nomes. [Utnapishtim é nome sumério]. Triplamente desmoralizada, a história é mantida para educação moral das educações futuras, sobre como é feio mentir.

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