domingo, 28 de abril de 2013

28 de Abril

Doze balas sob a pele de Siobhan Behruz...


... estreou hoje em 1923 no Cine-Teatro Revolução de Outubro [antigo Ópera Czar Nicolau II] e a multidão que o lotava [embora inicialmente tentasse obedecer ao cartaz que informava ser o filme um drama histórico] acabou por rir.

Siobhan Behruz traiu seu país passando-se para os invasores Turkhmans. Expulso o inimigo, o povo o julgou e condenou ao fuzilamento [diz a lenda]. O filme retratava rigorosamente tal história [e o público seguia com sobriedade (e bocejos)] até que surgiu em cena o próprio Siobhan: a cara de fuinha [além dos discursos que choviam perdigotos], a pince-nez e barbicha e o cabelo para trás empapado de goma puxaram um vagalhão de gargalhadas: o anti-herói conseguia ser uma mistura de Lênin, Trotsky e Stalin, os três ao mesmo tempo.

Para expor a vulgar banalidade do vende-pátria, o filme o colocava dizendo só banalidades. O problema é que quando Siobhan dizia Preciso de um copo de vodca, pois um traidor do povo sempre cede à tentação da ebriedade! ou Vou agora satisfazer a minhas necessidades fisiológicas do tipo sólido [ou do tipo líquido] o público, em vez de enojar-se do malfeitor, ria dele.

O filme [embora fracasso ideológico] arrastou o público. O Comitê Central [provisório] do Turquestão acrescentou um texto inicial que o filme não apresentava nenhuma semelhança com nenhum prócer da Revolução Proletária. Como tal aviso teve efeito contrário, o Comitê o retirou.

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