Maus e Solitários sacudiu a lagoa parada que era o Rádio amhitariano
hoje em 1927. Dildora Motley [inevitavelmente] autorou essa primeira
radionovela, avó da sua neta sete mais destrutiva, a telenovela, e se sagrou o
pioneiro mundial [não reconhecido] de tal gênero vagabundo [o adjetivo (segundo
quem o conheceu) não o teria desagradado].
O Menino Terrível da literatura amhitariana não tinha publicado
nenhum livro [e nem o faria nunca, pois considerava que a indústria editorial transformava
os escritos em banalidade] – como [acrescentava o autor] toda indústria fazia.
Maus e Solitários começava com gente normal [famílias normais, mães,
namorados e cachorros normais] e continuava como tal. Já no terceiro capítulo a
inveja disfarçada, a alegria da desgraça alheia, a coragem diante dos fracos e
a pusilanimidade diante dos poderosos cobriam a trama dos costumeiros
assassinatos e casamentos [a essência de toda novela] com uma leve pátina como
sujeira velha. Maus e solitários não eram os membros das duas poderosas famílias
de Shamaerkhant que disputavam o controle da cidade – éramos nós, os terríveis nós – berrava Dildora.
Demitido após o 33º capítulo, o
autor conheceu breve glória depois da consolidação do Partido Soviético do
Uzbequistão, que acreditava que sua crítica se destinava à família
pequeno-burguesa. Sua segunda novela afirmou no entanto que a má-solitude não conhecia fronteiras
ideológicas, e perdeu o emprego uma segunda vez.