quarta-feira, 8 de maio de 2013

08 de Maio


Cabelos soltos ao vento
A vida que Dilafruz Shahmat criou para si teve seu segundo começo hoje [sendo o primeiro o banal dia de seu nascimento]. Dezoito anos [cabelos ao vento] bigode encerado de gomalina [buquê de gerânios] ajoelhou-se ao pé da amada [ os mais estonteantes negros olhos do universo]. O pai dela o expulsou – a moça, obrigada, casou com um rico a quem odiava.
Shahmat [a lua cheia como testemunha] jurou voltar famoso, e a jovem [fraca e inconstante] arrepender-se-ia de seu ato. Foi embora [navegou] foi sequestrado por piratas [tornou-se chefe deles] lutou em guerras [foi condecorado como herói] fez-se alpinista [subiu os sete montes de Atlântis] conheceu Napoleão [tornou-se seu lugar-tenente].
Voltou rico e famoso e encontrou um túmulo: sua amada, arrependida de de não tê-lo seguido, morrera de desgosto [e ainda regurgitante de pureza]. De que adiantam as riquezas e a fama, sem o verdadeiro amor? - pensou a chorar na tumba. Olhou do lado: surgira um exemplar da Histoire da la Révolution Française, de Jules Michelet.
Sem o amor nada mais valia a não ser o recolhimento e o estudo. Doou seu dinheiro aos pobres, mergulhou em manuscritos velhos e escreveu 77 livros sobre a história de Amhitar. Em homenagem ao mestre ele não era mais Shahmat, mas Dilafruz Michelet, o mais romântico dos historiadores.
Essa é a história que o escritor Dilafruz criou para si. Outros dizem que ele foi um tímido adolescente ledor, e que nunca teve namorada [mas a inveja existe].

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