A mais política das canções amhitarianas
[até recentemente uma simples canção de ninar] se chama Khasorthieend-al-Zhamapiad, que uma tradição tanto antiga quanto
incompetente em linguística convencionou traduzir como Meu Querido Agostinho.
Como todas as canções que todos
cantam ninguém pensa muito na letra, e uma sóbria dissertação na Universidade
de Alma-Ata em 1968 [em um dos poucos estudos amhitarianos realizados na terra
dos inimigos kazaks] realizou a proeza
de prestar atenção no que se berrava Ah
meu querido Agostinho, Agostinho, Agostinho/ O dinheiro se foi/ a mulher te
deixou / os títulos foram tomados / os parentes se esfumaçaram / você está
coberto de sujeira / o mundo se foi / meu querido Agostinho, Agostinho,
Agostinho!
E descobriram que tal canção encobria
uma tétrica história de um tocador de cornetas que a guarda do Xeque durante
uma peste em Shamaeerkhant confundiu com um cadáver e o jogou em uma pilha de
corpos [da qual só se salvou tocando seu instrumento]. O Politburo do Partido Comunista a considerou derrotista [e um tanto
escatológica] e a proibiu, com o efeito de torná-la um [não sem sua dose de ridículo]
hino das Brigadas Guerrilheiras Amhitarianas. O Congresso Pan-ahmitariano de
tradições culturais [em 1991] rejeitou a tese de que a canção se trata de
uma imitação de uma Lied germânica e
considerou tal ideia Imperialismo
Cultural, antes desta expressão cair em desuso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário