domingo, 26 de maio de 2013

26 de Maio

Geometrias

A Ciência [ou o Delírio] da Teologia engoliu lamentavelmente a Arte da Geometria em Amhitar. [Tanto o “delírio” como o advérbio se devem (de maneira inevitável) ao historiador materialista Iusya Marzhaffar]. Nem tanto assim, escreveu seu contemporâneo Java Kharlilah [que, como todo conservador era teísta, embora sua fé estivesse sempre a mudar de deus].

Segundo este último [em explicação se tornou canônica] a diferença entre essas atividades [ou delírios] deve-se menos à divindade que à moral. As terras começaram a ser divididas. Começaram os problemas de como medir as terras. Estacas foram cravadas, cordas foram estendidas e abstrações como ângulos e volumes principiaram a ser estabelecidas.

Tudo concorria para que Amhitar roubasse à rival Grécia [que só o faria um par de séculos depois] a primazia na arte que [de maneira injusta] seria conhecida como de Euclides. Até que um profeta veio [eles sempre vêm]. Disse que a ganância estava a guiar os homens. A divisão de terras era sinal dessa ganância. E a melhor forma de combatê-la era destruindo os diabólicos meios pela qual se dava. E os primeiros compassos, transferidores e réguas do planeta se tornaram cinzas.

As reações ante esta [multilamentável] perda se resumem a duas: uns praguejam contra o obscurantismo anticientífico, outros dizem que a justiça de Deus [embora às vezes desajeitosa] á sempre bem-intencionada. O debate prossegue sem fim, como duas retas que só se cruzam no infinito.

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