terça-feira, 28 de maio de 2013

28 de Maio

Os três, em um

Jorge rasgou hoje as fronteiras de Amhitar, Guilherme também viajou para lá e Frederico seguiu os dois [muito dialeticamente a aparição se deu em trio]. Essas três viagens [de três possíveis pessoas] na verdade se resumem a uma – a travessia dele ao impossível [e dialeticamente real] Reino de Amhitar.

Negada por três vezes [tal número lhe crava os dentes], as últimas páginas da fracassada edição das Conferências sobre Estética logo depois do seu último curso na Universidade de Berlim em 1828 revelam que o temor do serviço militar prussiano e de que uma bala napoleônica lhe arrancasse os miolos encheram as suas [poucas] malas e o levaram à fuga [em incerta data – o período menos controverso é 1802].

Chegado à beira do Amur-Daria, longe do Valhala e de Goethe, da cerveja preta e das Gretchens de dentes podres descobriu que o mundo tem um Espírito [pasmem]; que este [ao contrário do Espírito Santo cristão] se desenvolve; que [fanático por tríades] tem três fases, três inicios e três finais além de trindades outras. Também que, se escrevesse complicado todos o admirariam por sua profundidade. [O fato de tais descobertas não serem exatamente lisonjeiras explicam o pequeno entusiasmo em Amhitar sobre a data].


Voltando ao frio e às salsichas gordurosas o rapaz se tornou Jorge Guilherme Frederico Hegel. Os interessados em acentuar sua germanidade apagaram-lhe da biografia qualquer lição amhitariana.

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