Os jesuítas alemães Christopher
Wasserhahn, Friedrich Waschbecken e Gerhardt Küchenspüle pagaram dois dinares
ao garoto que manejava o barco que atravessava o Syr-Daria e penetraram em
território amhitariano ao meio-dia e sete minutos do dia 30 de maio de 1611. [Mediram
rigorosamente o horário do histórico momento].
Previam a pregação em mercados
lotados – alguns aceitariam e começariam a falar latim – soldados de cara
amarela os cercariam – um potentado pagão os julgaria – desmoralizariam os
deuses locais em um debate teológico – o potentado mandaria queimá-los – o Papa
saberia – seriam santos.
Não havia mercados na outra
margem. Nem cidade. Andaram dias na poeira. Quando acharam uma, ficaram felizes
com a atenção da plateia – até que viram que o mesmo interesse era dado também
a um mercador que alardeava suas panelas. Exigiram ver um chefe local. Ameaçaram-no
com o Inferno. Ele lhes deu horríveis pães de casaca de cevada e passou a escutar
um menestrel de canções obscenas. Ninguém discutia, ameaçava, defendia sua fé pagã.
Apenas sorriam e viviam como sempre.
Desanimados recruzaram o Syr-Daria
uns sete meses depois [não tiveram ânimo de anotar o momento preciso]. Um deles
tentou consolar dizendo que os amhitarianos ao
menos são indiferentes à palavra e não a cumprem. Melhor que os povos de Deus
na Europa, que se entusiasmam com ela e não a cumprem mas nem isso teve
grande efeito animador.
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