segunda-feira, 3 de junho de 2013

03 de Junho

O Pássaro ex-oficial

Por um tempo decididamente não-pequeno impôs-se como um dos orgulhos[e agora uma das vergonhas] de Amhitar o pássaro Eskualdualk [nome obviamente estrangeiro]. [As muitas versões sobre sua chegada ao país tradicionalmente colocada no dia de hoje (e o fato de que quase todas atribuem tal chegada a ilustridades como Alexandre o Grande, Átila, Confúcio e até um improvável Cristóvão Colombo) nada fazem para aumentar a credibilidade da história].

O [pouco] que se sabe resume-se a que o Eskualdualk chegou a Amhitar em uma época [não muito provável] em que não haveria pássaros, ou os que existiam eram plebeus sem graça. Três versões concordam [no entanto] que seu sucesso veio menos da possível nobreza e mais da novidade – os pássaros então conhecidos voavam alto quando confrontados com um predador. A habilidade de elevar-se às nuvens foi associada à covardia e o Eskualdualk [que mal voava] tornou-se admirada. A bandeira nacional passou a ostentá-lo.

Até que a chegada de enciclopédias impressas na Índia trouxe gravuras do nobre bicho – noutras regiões era conhecido como Haqsonet-il-Sabonoy, ou Galinha [e nada tinha de nobre] sendo em algumas línguas sinônimo de pusilanimidade. A bandeira nacional foi rapidamente modificada [em 1699 ou 1713, a data é incerta]. Um setor purista das Brigadas Libertadoras Al-Temurbek propôs a volta da ave ao seu lugar de honra. A prova da decadência do pássaro é que tal proposta foi repelida não sem horror.

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