terça-feira, 4 de junho de 2013

04 de Junho

O Poético Poeta

O Dia da Poesia em Amhitar comemora não seu maior, mas seu mais poético poeta [e o pleonasmo se explica]. Jakhongir Mohira às exatas dezenove horas e sete minutos do dia 4 de junho de 1865 [hora do crepúsculo na beira avermelhada do Lago Balkash] resolveu não só que seria um poeta [decisão que outros banalmente também tomaram] mas que viveria uma integral vida de poeta. [A data nada tinha de casual – nesse dia Jakhongir completava nove anos de idade].

Em primeiro lugar deveria apaixonar-se, e o mais cedo – e beijou sua primeira namoradinha ainda aos nove, e levou três chicotadas do pai dela, as quais lhe inspiraram poemas sofríveis mas poemas afinal – e que continham promessas de que a malvada se arrependeria quando ele atingisse a glória.

Depois precisaria beber – e apesar de não gostar do sabor do álcool no começo a persistência venceu e a ele se atribuem 199 Odes ao Absinto [além de duas dúzias de entradas no hospital por desmaio alcoólico].

O que não deu certo [e paradoxalmente o beneficiou] foi sua resolução de morrer tuberculoso aos dezenove. Frequentava casas de doentes, comia mal, pulava em rios no inverno. Os vinte anos chegaram, e os vinte e um, e os trinta, e os quarenta e nove. Ao completar setenta, desistindo tardiamente de morrer cedo, completou sua Elegia ao Fracasso, o único poema que fez que realmente prestava. E isso garantiu sua homenagem no dia de hoje como o poeta de vida mais poética.

Nenhum comentário:

Postar um comentário