O Dia da Poesia em Amhitar comemora
não seu maior, mas seu mais poético poeta [e o pleonasmo se explica]. Jakhongir
Mohira às exatas dezenove horas e sete minutos do dia 4 de junho de 1865 [hora
do crepúsculo na beira avermelhada do Lago Balkash] resolveu não só que seria
um poeta [decisão que outros banalmente também tomaram] mas que viveria uma
integral vida de poeta. [A data nada tinha de casual – nesse dia Jakhongir completava
nove anos de idade].
Em primeiro lugar deveria
apaixonar-se, e o mais cedo – e beijou sua primeira namoradinha ainda aos nove,
e levou três chicotadas do pai dela, as quais lhe inspiraram poemas sofríveis
mas poemas afinal – e que continham promessas de que a malvada se arrependeria
quando ele atingisse a glória.
Depois precisaria beber – e apesar
de não gostar do sabor do álcool no começo a persistência venceu e a ele se atribuem
199 Odes ao Absinto [além de duas dúzias
de entradas no hospital por desmaio alcoólico].
O que não deu certo [e paradoxalmente
o beneficiou] foi sua resolução de morrer tuberculoso aos dezenove. Frequentava
casas de doentes, comia mal, pulava em rios no inverno. Os vinte anos chegaram,
e os vinte e um, e os trinta, e os quarenta e nove. Ao completar setenta,
desistindo tardiamente de morrer cedo, completou sua Elegia ao Fracasso, o único poema que fez que realmente prestava. E
isso garantiu sua homenagem no dia de hoje como o poeta de vida mais poética.
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