quarta-feira, 5 de junho de 2013

05 de Junho

O Estrangeiro

João de Goa bateu [literalmente] nos portões de Shamerkhaant na boca da noite desta data no ano de 1503. Os historiadores da diplomacia amhitariana [não sem algum exagero] consideram ser este o início da fase moderna das relações exteriores do país [mesmo que na época muitas pessoas não tenham acreditado no status de embaixador que o estranho se atribuía].

Pouco se sabe dele, nem mesmo o nome [o simplismo da expressão João de Goa revela um pseudônimo]. Seja como for, a ele é atribuído o galardão de ser o primeiro europeu [da fase em que os europeus transformaram o mundo em seu escravo] a subir e descer os montes da fronteira sul.

Embora se autointitulando diplomata, as atividades do visitante pouco traziam de assuntos de Estado [os ministros do Xeque, ao interrogá-lo sob o poderio luso, só arrancavam bocejos].

Mesmo sua identidade lusitana tem sido posta em dúvida [as embarcações portuguesas regurgitavam de mercenários holandeses e alemães, afinal].

Sua nacionalidade tem sido estabelecida [e não sem alguma má-vontade], desde que se constatou [com razoável certeza] que, longe de assuntos de guerra e paz, João de Goa se interessava por vinho, músicas estranhas [que têm sido anacronicamente denominadas de fados] e de garotas. A ele se atribuem 99 filhos com lindas amhitarianas. Essa falta de preconceitos [segundo detratores] garantiria sua nacionalidade portuguesa – em versão que, embora não unânime, tem poucos opositores.

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