segunda-feira, 10 de junho de 2013

10 de Junho

A chegada do Pós-tudo

Farhod Birame subiu à tribuna [discurso em mãos] como seu [involuntário] antecessor Serguei Kovinev fizera 56 anos antes ao inaugurar outra Academia [celebrada a 6 de abril] e lhe veio  o pensamento [rápido como fogo] de que aquilo tudo era real: o mundo, os objetos, os cachorros existem, as artes têm sentido e o mundo é um lugar sério. Apagou tal ideia subversiva com um movimento de mão e [usando um fraque e uma saia colorida] declarou inaugurada a Academia [Pós-Moderna] do Passado Inexistente.

[Um inevitável strip-tease de três garotas excessivamente alimentadas precedera a cerimônia]. Farhod [ao ver os olhares voltados para a sua saia] disse que o propósito daquilo não era protestar contra nada. Era aparecer. E dera certo [a sala estava cheia de repórteres]. Prosseguiu afirmando a inutilidade da ciência, exceto a mais particular possível [haveria uma biologia dos gatos cegos canhotos nascidos em 21 de fevereiro, por exemplo]. A história nada mais era que uma lenda contada pelos poderosos, o que não significa que os oprimidos façam outra mais interessante. O sentido do estudo e da pesquisa consistia em meter em garotas. E convidou a todos a assistirem o fechamento da cerimônia – os novos acadêmicos e as três strippers em um banho nu coletivo em uma banheira redonda. Por desconfiarem da baixa estética da cena, poucos ficaram – mas foi manchete em nove jornais, consagrando o sucesso da inauguração.

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