A Arquitetura em Amhitar começou tão pretensiosa quanto o país – e esta
acusação [tão difundida quanto injusta] teve origem entre os Kazaks, em um livro [também pouco
modestamente denominado] Um Quadro
Completo do Estado Arquitetural Amhitariano, com um juízo sobre sua qualidade,
publicado na antipática cidade de Alma-Ata em 1921.
Tal obra [de autoria coletiva e
anônima] atribui importância [talvez excessiva] a Odina Rashid, por eles
considerado o primeiro no país a construir algo mais que buracos no chão. [Ao
contrário do que geralmente sucede, a existência deste personagem é disputada pelos
patriotas e afirmada pelos estrangeiros].
Segundo o livro, o toque inicial
da arte da construção em Amhitar tem ressonâncias tanto cômicas quanto bíblicas,
pois Odina pretendia chegar à lua com sua torre de pedra [forçoso dizer que a
narrativa judaica (talvez mais modesta) só se refere ao Céu]. Papiros [sempre
citados mas nunca submetidos a análise] revelariam as trapalhadas de tal
empreendimento.
Depois de mil e um dias [e a
simetria deste número não deixa de levantar suspeitas] o esforço de 9.999
pedreiros só conseguiu erguer uma pedra horizontal sobre duas verticais [pedras
gigantes, bem entendido] as quais a lei da gravidade não demorou a fazer tombar,
num dia que sem razão aparente é apresentado como hoje.
A ditadura do general Chavkat
quis considerar tal fato positivo, pois a pretensão seria apanágio dos fortes. Tal
ideia não teve seguimento.
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