A Verdade [uma vez descoberta]
esmigalhou as comemorações deste que foi um dos festejos mais pujantes de Amhitar.
[A Verdade desta vez (ao contrário do que teria dito certo /pretenso/ profeta
do Oriente Médio) não ocasionou efeitos libertadores].
O dia da inauguração da primeira
fábrica em Amhitar motivava comemorações e tapas. Os ateus e os marxistas [Iusya
Marzhaffar e Serguei Kovinev à frente] perscrutaram bacias produtoras de carvão
e concluíram que a primeira fábrica se dedicava aos arados de ferro, essenciais
à acumulação de capital. Os românticos [e seu líder Dilafruz Michelet] atribuíram
ao primeiro empreendimento a elaboração de delicados perfumes. [Uma corrente
radical destes (a Academia do Delírio)
patroneada pelo poeta-sedutor Byron Jasur afirmava (previsivelmente) que esse
primeiro estabelecimento fabricava Sonhos].
Escavações do subsolo de Urgut em
janeiro de 1956 destruíram tudo sob a evidência de que a primeira fábrica fora
de papel, mas de certo tipo especial,
usado para finalidades pós-refeição, e conhecido atualmente como papel de fins higiênicos
– disse o sóbrio relatório arqueológico, que com essas poucas palavras deletou
o sonho e os bate-bocas de gerações. O comitê União pelo Progresso e a Liga
industrial Amhitariana [talvez por preconceito contra o útil produto]
reconheceram o fato em poucas palavras e só uma [compreensível] inércia burocrática
mantém esse dia no calendário nacional.
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