sexta-feira, 14 de junho de 2013

14 de Junho

O [vergonhoso] Dia Nacional da Indústria

A Verdade [uma vez descoberta] esmigalhou as comemorações deste que foi um dos festejos mais pujantes de Amhitar. [A Verdade desta vez (ao contrário do que teria dito certo /pretenso/ profeta do Oriente Médio) não ocasionou efeitos libertadores].

O dia da inauguração da primeira fábrica em Amhitar motivava comemorações e tapas. Os ateus e os marxistas [Iusya Marzhaffar e Serguei Kovinev à frente] perscrutaram bacias produtoras de carvão e concluíram que a primeira fábrica se dedicava aos arados de ferro, essenciais à acumulação de capital. Os românticos [e seu líder Dilafruz Michelet] atribuíram ao primeiro empreendimento a elaboração de delicados perfumes. [Uma corrente radical destes (a Academia do Delírio) patroneada pelo poeta-sedutor Byron Jasur afirmava (previsivelmente) que esse primeiro estabelecimento fabricava Sonhos].

Escavações do subsolo de Urgut em janeiro de 1956 destruíram tudo sob a evidência de que a primeira fábrica fora de papel, mas de certo tipo especial, usado para finalidades pós-refeição, e conhecido atualmente como papel de fins higiênicos – disse o sóbrio relatório arqueológico, que com essas poucas palavras deletou o sonho e os bate-bocas de gerações. O comitê União pelo Progresso e a Liga industrial Amhitariana [talvez por preconceito contra o útil produto] reconheceram o fato em poucas palavras e só uma [compreensível] inércia burocrática mantém esse dia no calendário nacional.

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