Donyhor al-Temurbek [ou um de
seus 999 ou 1.007 avatares, conforme a contagem] subiu aos céus no dia de hoje em
1888 [um dia comum, igual aos outros, exceto que nele o povo de Amhitar (tão em
massa que parecia o povo de todo o mundo) se reuniu em protesto contra o Czar,
contra os russos e contra tudo]. Apesar da massa calculada [com inverossímil precisão]
em 97.931 pessoas, não passam de cinco as testemunhas [com mínima
confiabilidade] que viram o herói colocar-se à frente, entre a linha dos
cossacos que de sabres desembainhados avançava.
[Os cavalos em volta a
transformar o tudo sem sangue e poeira] e os gritos semelhavam partir pedras e no
meio [em pé, os cavalos que pareciam não vê-lo] Temurbek [dizem] voltou os
olhos [secos e em forma de amêndoa] para o sol – e aquela sua [pequena porém
significativa] proeza parou os cossacos e neste ponto os testemunhos se
dividem. Para dois deles, uma gigantesca mão dourada baixou de sete nuvens [de
bordas douradas] e arrancou o herói para a terceira das nove camadas do Empíreo.
Duas testemunhas contrabalançam o
excessivo misticismo da primeira e afirmam que após varado por treze balas
czaristas o herói reviveu, mas na alma combatente do povo [compreensivelmente a
explicação adotada pelos radicais]. Uma quinta e última, porém, diz que
Temurbek nunca esteve lá – o povo precisava de líderes, e não os tendo, criou
um. Por seu caráter anticlimático tal versão ostenta poucos adeptos.
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