Bekzod Shahlo não tem tempo certo
– as especulações sobre o período em que viveu variam desde o ano 150 [no tempo
dos hereges] até nove mil anos antes disso e até antes, em um tempo mítico [o
que não impede que sobre tal tempo de sonho haja discussões cronológicas]. Também
não tem lugar – 399 cidades e aldeias reivindicam a honra de tê-lo visto
nascer. [Isso, é claro, além das especulações se ele seria mais um avatar do inevitável
Donyhor al-Temurbek].
Como seus pares em outras
culturas Bekzod é incensado e beijados são cada um de seus passos. [Como em nenhum
deles, silencia-se acerca de Bekzod e só pretensos especialistas falam, ainda
assim baixo].
O patriarca [barba branca e cara
de sábio nas estátuas] ensinou os longínquos amhitarianos [previsivelmente selvagens
até então] que colocando-se uma semente no chão algo acontece [um milagre] e
ela se torna planta e [outro milagre] surgem novas sementes.
A história de Bekzod não se
diferencia de outros heróis civilizatórios, exceto porque [em uma contra-tradição
des-louvatória] comenta-se [ou não se comenta] que promovia festas onde roupas
eram demais, todos os sexos eram aceitos e nenhuma norma era seguida. Compreensivelmente
os discursos do Dia Nacional da Agricultura [hoje] esquecem tal faceta. Pensou-se
em louvá-lo pois tais rituais teriam, afinal, algo a ver com fertilidade [e
portanto com cultivos]. Com razão ou sem ela, a proposta não foi adiante.
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