Da inexistência desta excrescência chamada Uzbequistão estreou hoje
em 1956 às 15 horas e 9 minutos em 33 cinemas. [O Discurso Secreto de Khrushchov (esculachando tudo e prometendo
novidades) espalhara um perfume de liberdade – o povo dizia que já se apertava a descarga sem
precisar berrar Viva o Grande Stalin! –
e já diziam piadas como esta (de duvidosa comicidade) sem passagem de ida para
a Sibéria].
As limitações do tal perfume [no entanto]
quedaram claras às 19 horas e 15 minutos quando a Jaghonjidza-il-Halohnevda [a polícia política amhitariana, mais conhecida
como Jaghon] recolheu as cópias e queimou
31 e metade de uma delas [restando apenas uma inteira, previsivelmente na mão
de um tira cinéfilo, e partes de
outra, usadas na sede da Jaghon para
tapar o teto da cozinha].
Nada agressivo [apesar do título]
o filme [com imagens de arquivo e voz de locutor] informava que nunca existira
um país chamado Uzbequistão [apesar de ele ocupar quase todo o antigo território
amhitariano] e que este na verdade fora um só mais um dos periódicos delírios
de Trotski de mudar os cardápios, as rodas de bicicleta, o mundo e os países e
tudo o mais que fosse.
Tão mansa era a película que a
justificação oficial para seu sumiço foi a rima do título, considerada de mau
gosto – pois no protodialeto khazyr o título Khouiolikhtah-el-Mughbrioikhtah também rima – e permite uma
cacofonia com necessidades fisiológicas, o que não ajudou na hora de decidir
pelo sumiço.
Nenhum comentário:
Postar um comentário