Os críticos literários nacionalistas
clamam que, enquanto todo o mundo regurgita de banais anti-heróis, a brava
terra amhitariana produziu um antiprofeta. [Bakhram Jumanova não é exatamente original
– outros estranhos místicos como ele formam tradição do país, celebrada a 23 de
junho]. Seu caráter de primeiro-entre-os-pares dos profetas-com-dúvidas vêm de
ser tradicionalmente considerado o mais antigo deles e de uma [talvez
superficial] semelhança com os profetas tradicionais: Bakhram [concordam as 4 únicas
versões escritas sobre sua vida] possuía barba branca; passara tempos no
deserto; e rejeitara sua aldeia e circulava pelo mundo. [Outra especificidade é
uma irritante incerteza sobre seu período de vida, que o faz localizar desde 88
até 1079 dos hereges - supostamente nascido hoje].
Profetas falam empostado, despejam
certezas e tonitruam contra quem diz o contrário. O profeta amhitariano tossia,
pedia licença, e depois de uma longa peroração sobre o Bem e o Mal fazia uma
cara [que não poucos diziam ser de dúvida] e lançava uma frase bombástica pela
sua falta de força: Não sei se meus
caminhos são válidos.
A pouca assertividade nunca lhe
garantiu muitos adeptos – tirando três círculos que nunca passaram de 19
adeptos ao total, não se pode afirmar que o Bakhramismo
tenha efetivamente existido. Um desses grupos [não o menos aguerrido]
tentou propagandear que as certezas só
geram guerras e maldade. Por que não venerar um profeta que duvida? Não
teve sucesso.
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