segunda-feira, 15 de julho de 2013

15 de julho

O antiprofeta

Os críticos literários nacionalistas clamam que, enquanto todo o mundo regurgita de banais anti-heróis, a brava terra amhitariana produziu um antiprofeta. [Bakhram Jumanova não é exatamente original – outros estranhos místicos como ele formam tradição do país, celebrada a 23 de junho]. Seu caráter de primeiro-entre-os-pares dos profetas-com-dúvidas vêm de ser tradicionalmente considerado o mais antigo deles e de uma [talvez superficial] semelhança com os profetas tradicionais: Bakhram [concordam as 4 únicas versões escritas sobre sua vida] possuía barba branca; passara tempos no deserto; e rejeitara sua aldeia e circulava pelo mundo. [Outra especificidade é uma irritante incerteza sobre seu período de vida, que o faz localizar desde 88 até 1079 dos hereges - supostamente nascido hoje].

Profetas falam empostado, despejam certezas e tonitruam contra quem diz o contrário. O profeta amhitariano tossia, pedia licença, e depois de uma longa peroração sobre o Bem e o Mal fazia uma cara [que não poucos diziam ser de dúvida] e lançava uma frase bombástica pela sua falta de força: Não sei se meus caminhos são válidos.

A pouca assertividade nunca lhe garantiu muitos adeptos – tirando três círculos que nunca passaram de 19 adeptos ao total, não se pode afirmar que o Bakhramismo tenha efetivamente existido. Um desses grupos [não o menos aguerrido] tentou propagandear que as certezas só geram guerras e maldade. Por que não venerar um profeta que duvida? Não teve sucesso.

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