quinta-feira, 18 de julho de 2013

18 de julho

Incomplet

Madina Sarvar não escreveu a maior obra literária da história de Amhitar [ou talvez a tenha escrito]. [A questão se foi o maior escritor amhitariano (com toda a amassadora ambiguidade da palavra Maior) já deixou de ser discutida, de tão inútil]. E não se trata apenas de tintas em papel – tendo atravessado a terceira década do século em plena atividade [ou maluquice], Madina quebrou lanças no Reino do Celuloide – e também deixou pedaços de fitas destinadas a ser longas metragens, mas cuja extensão mal as habilitava a serem curtas curtinhos.

De todos os atores culturais Madina talvez tenha sido o mais influenciado por sua vida – e não por suas dores amorosas ou convicções de política mas por seu método. Escrevia uma palavra por dia [às vezes meia]. No caso de filmes, três fotogramas bastavam. Esta sistemática, se estendia imensamente a duração do trabalho, permitia muitas obras ao mesmo tempo. [Afirmava a lenda que realizava ao mesmo tempo 97 projetos. Em um dos poucos casos em que as fofocas perdem para a realidade, ele fazia na verdade 333].

[Inevitavelmente] Madina Sarvar não deixou nenhuma obra completa [embora suas criações inconclusas ainda preencham caixas e caixas na Biblioteca Municipal de Shamarkhaat]. A família [ajudada pelos pós-modernos] insiste no epíteto O Precursor dos Tempos de Hoje, título rejeitado pelos intelectuais conservadores, que [não surpreendentemente] possuem fetiche por obras terminadas.

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