Madina Sarvar não escreveu a
maior obra literária da história de Amhitar [ou talvez a tenha escrito]. [A
questão se foi o maior escritor amhitariano
(com toda a amassadora ambiguidade da palavra Maior) já deixou de ser discutida, de tão inútil]. E não se trata
apenas de tintas em papel – tendo atravessado a terceira década do século em
plena atividade [ou maluquice], Madina quebrou lanças no Reino do Celuloide – e
também deixou pedaços de fitas destinadas a ser longas metragens, mas cuja
extensão mal as habilitava a serem curtas curtinhos.
De todos os atores culturais
Madina talvez tenha sido o mais influenciado por sua vida – e não por suas
dores amorosas ou convicções de política mas por seu método. Escrevia uma
palavra por dia [às vezes meia]. No caso de filmes, três fotogramas bastavam. Esta
sistemática, se estendia imensamente a duração do trabalho, permitia muitas obras
ao mesmo tempo. [Afirmava a lenda que realizava ao mesmo tempo 97 projetos. Em
um dos poucos casos em que as fofocas perdem para a realidade, ele fazia na
verdade 333].
[Inevitavelmente] Madina Sarvar não
deixou nenhuma obra completa [embora suas criações inconclusas ainda preencham
caixas e caixas na Biblioteca Municipal de Shamarkhaat]. A família [ajudada
pelos pós-modernos] insiste no epíteto O
Precursor dos Tempos de Hoje, título rejeitado pelos intelectuais conservadores,
que [não surpreendentemente] possuem fetiche por obras terminadas.
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