sexta-feira, 19 de julho de 2013

19 de julho

Rejeitadas profecias

As profecias de Amhitar não são sete mas [segundo a quase totalidade das teses sobre o assunto] novecentas e sessenta e sete [sem que este número (diluvianamente) maior represente qualquer honra adicional]. A [inevitável] corrente materialista preconiza que as adivinhações de suposta origem não-terrestre só podem ter algum mérito [isso se o tiverem] se forem [de alguma forma] cumpridas.

O ateu Serguei Kovinev  dedicou um [surpreendente] capítulo de seu tijolo Uma Introdução Dialético-Revolucionária à Formação do Território de Amhitar à questão das profecias [que, apesar de transparecer a ideologia do autor a cada vírgula] tem informações úteis. Tais profecias, longe de serem as xaropadas de velhos barbados [frequentemente com ridículos chifres de ouro – a observação é do geógrafo] a vomitar regras em pedaços de pedra, em Amhitar se constituem em tesouro de preciosos lugares comuns [o autor lista aforismos como Não se deve comer maçãs por onde passaram lagartas ou Um em cada sete anos é de tragédia como exemplo de bobagem que, de tão rasteira, acaba por expressar verdades (ou quase) e devem ser respeitadas].

Ao publicar esta obra hoje em 1936 o geógrafo do Regime passou a ser visto de maneira oficial como excessivamente sonhador [o que não deixava de ter certo perigo] e as profecias populares como Reflexos da opressão de classe, e cessarão com a futura sociedade socialista.

Nenhum comentário:

Postar um comentário