domingo, 21 de julho de 2013

21 de julho

O peixe do Ministro

A indústria da pesca de Amhitar não tem futuro, e já que estamos no assunto, nem ela nem esse país - esta [menos que lisonjeira] afirmativa escreveu-a Serguei Yulyevitch, o Conde Witte, em furiosa [e cheia-de-solavancos] viagem ferroviária de volta a São Petersburgo na data de hoje em 1895.

O [macaco-velhíssimo] Ministro das Finanças do Czar Nicolau II escrevia a seu [jovem] soberano para relatar os sucessos [melhor talvez, os fracassos] de sua viagem de inspeção à economia amhitariana. [Acreditava o Ministro que as possessões territoriais, mais do que honra, têm de dar lucro. Nisso se separava do Czar e de 101 % de sua Corte]. Depois de examinar relatórios e cifras de aduana e convencer-se de que Amhitar nada poderia produzir de valor [nem mesmo com as mais altissonantes preces aos ícones da Igreja Ortodoxa] soube que Amhitar tinha o Syr-Daria e o Amur-Daria, e que poderia ao menos industrializar o peixe desses rios.

Esbarrou com dois dias de desculpas, cinco de bajulações ocas e três de folclore – os pescadores de Amhitar nada sabiam dos peixes, e nada podiam prever de seu comportamento, devido ao Khalimaat – o peixe de escamas douradas que engole os homens por demais ambiciosos e desrespeitosos da peixarada. O já empoeirado ministro considerou que isso era uma indireta contra ele e estrondou de volta ao trem. [O movimento ecologista tem recuperado esse episódio e o próprio Khalimaat como exemplo de luta pela natureza].

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