quinta-feira, 25 de julho de 2013

25 de julho

Missivas de algo

Quanto a Dilya Elmurod, quis esquecer tudo de cartas, meteu-se a estudar e assumiu hoje em 1931 o cargo de professora de filosofia da Universidade de Shamaarkhaant [sendo a primeira mulher a fazê-lo] e tal data [longe de proporcionar discursos e promessas de promoção social das mulheres] gera arrepios apenas. [A entrada do dia no calendário oficial amhitariano se deve ao grupo gótico Vampiros Ainda que Nunca Mais, que a arrancou em 1990, na véspera do afundamento do governo soviético].

Miss Dilya: não se pode afirmar que fosse normal – seu avô [dizem] era filho do Diabo e como este [ainda segundo a lenda] possuía os ossos ocos. Seu tio acreditava serem os pesadelos uns insetos invisíveis e montava armadilhas para capturá-los. Ela mesma aos quinze anos tomou o hábito de escrever cartas, que fechava, selava e enviava para si mesma [e as esperava com ansiedade de apaixonada]. 999 cartas monotonamente voltaram com as mesmas letras que ela havia escrito. No milésima, veio a frase Está sozinha, Dilya, e na vez seguinte a mesma Está sozinha, Dilya, e depois a mesma e assim por mais 999, e sumiram.

As explicações variam desde as esperáveis hipóteses paranormais e ufológicas [mudando o planeta envolvido desde Júpiter a Alfa Centauro], a tentativas de um vizinho adolescente [em outras versões é um homem casado] querendo seu amor. Fora as quase canônicas, de que a moça seria em verdade uma embusteira que escrevia ela mesma aquelas frases.

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