terça-feira, 6 de agosto de 2013

06 de agosto

Arquiteto

Imhotep escreveu #Fail na base de sua pirâmide e este fato [miraculosamente só revelado em 1987] longe de ocasionar best-sellers e teorias da conspiração apenas gerou raiva contra o protagonista, apelidado traidor da pátria com quarenta e cinco séculos de atraso. [Claro, escreveu-o em jargão que nove gerações linguísticas depois se transformaria no protodialeto Bakhmar e que só pôde ser compreendido com uma chave de tradução deixada pelo linguista Abdullaeva Behruz. O #, sua parte mais misteriosa, é inexplicavelmente a de versão menos discutível].

Por boa parte desses séculos o Mundo incensou Imhotep [um dos poucos amhitarianos a ter apenas um nome] – era ele o primeiro construtor de Amhitar, o herói de civilização. Não foi pequena a cólera quando aconteceu a explosão da egiptologia no século XIX e os hieróglifos revelaram outro Imhotep na beira do Nilo – também arquiteto, também gênio, também construtor de civilidades. A evidência se impôs: não era outro, era o mesmo.

Restava a esperança de que Imhotep fosse um amhitariano sequestrado pelos malvados egípcios – e que lhes ensinou boas maneiras. A breve inscrição [junto com treze versos de desilusão e abandono] sugerem que o grande homem [se é que o era] sumiu de Amhitar por que queria – e por que tinha raiva.

A ideia de que a inscrição #Fail pressagia certo popular serviço de microblog é demasiado inverossímil para ser desprezada.

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