Nunca terá [talvez] fim a discussão
se Zuref Rodras era um homem ou um deus [sendo inexplicavelmente minoritária a (esperável)
terceira corrente de que seria um semideus]. Sua deidade (ou não) teve dia e
hora certos: às 15 horas e 15 minutos no dia de hoje no ano de 1555 dos hereges
[19 de Hamadan de 962 da Hégira] o jovem se jogou entre as colinas Dilsh e Sard
no lado oriente das montanhas Karotegin.
Tais colinas não se destacavam
por sua altura [não mais de duas dezenas de metros as separavam do chão] e nem
pela majestosidade. Quase abraçadas por um lago, juntavam-se tanto que uma
fenda entre elas permanecia eternamente escura. Naqib-il-Khamudan [o buraco escuro] era como a conhecia a miserável
tribo dos Sumlaks ao lado.
Uma moeda jogada atingia água [o
barulho permitia dizê-lo] mas o eco impossibilitava dizer se a água era do
mesmo nível do lago, se mais fundo, se a moeda ricocheteara antes. Guerreiros não
desprovidos de força já tinham bravateado vencer o medo – apenas para perder o
controle de suas funções na hora, meio ao riso geral.
Zuref colocou-se em poucas roupas
e [surpreendentemente mal humorado] jogou-se de bico. 1998 orelhas escutaram
atentamente – e nada [exceto um barulho multiplicado pelo eco, que parecia mais
roída de rato].
Três dias depois [o número é
significativo] reapareceu: sorriu. Disse que tinha fome. Comeu. Recusou-se a
dizer o que havia depois do mergulho no escuro. Foi embora. E até hoje discutem
se era homem ou Deus.
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