sexta-feira, 9 de agosto de 2013

09 de agosto

Sid Gaut

E Sidarta Gautama ultrapassou os portões de Amhitar! Acompanhavam-no sete pombas (símbolo do atrevimento), sete virgens (símbolo do futuro), sete nuvens (símbolo da transição) e sete monges (símbolo da permanência). Cruzou oito rios, subiu nove montanhas e, na beira de dez lagos, encontrou onze figueiras, com ramos que se espalhavam por doze países.

Sentou-se e não fez a posição de lótus para decepção dos 776 que então já o seguiam. Não sorriu e nem chorou [embora metade dos testemunhos tenham dito que sorria, e a outra metade que chorava]. Olhou a paisagem [que para uns era belíssima, e só um grande homem poderia ter escolhido um lugar tão maravilhoso; para outros era um recanto tosco, e apenas a presença da centelha da divindade o fazia cheio de esplendor]. Seus olhos semicerraram. Não falou, não fez.

E cinco milênios se passaram [na percepção talvez não muito literal das pessoas que o seguiam]. Levantou-se [e os quatro grupos de sete que o acompanhavam levantaram-se também]. Calçou as sandálias, refez o caminho dos lagos, das montanhas e dos rios e foi embora em seu destino.

Um menino [dizem] o fez falar. Perguntou o que pensou debaixo da figueira. As versões se dividem. Uns, que ele disse não pensar em nada. Outros, que nada disse: sorriu e prosseguiu com seu caminho e suas sandálias. Outros, que ele afirmou que não se pode se pode pensar no nada, pois o Nada também é uma coisa, e pensar em Nada não é pensar em Nada.

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