E Sidarta Gautama ultrapassou os
portões de Amhitar! Acompanhavam-no sete pombas (símbolo do atrevimento), sete
virgens (símbolo do futuro), sete nuvens (símbolo da transição) e sete monges
(símbolo da permanência). Cruzou oito rios, subiu nove montanhas e, na beira de
dez lagos, encontrou onze figueiras, com ramos que se espalhavam por doze países.
Sentou-se e não fez a posição de
lótus para decepção dos 776 que então já o seguiam. Não sorriu e nem chorou
[embora metade dos testemunhos tenham dito que sorria, e a outra metade que
chorava]. Olhou a paisagem [que para uns era belíssima, e só um grande homem
poderia ter escolhido um lugar tão maravilhoso; para outros era um recanto tosco,
e apenas a presença da centelha da divindade o fazia cheio de esplendor]. Seus
olhos semicerraram. Não falou, não fez.
E cinco milênios se passaram [na
percepção talvez não muito literal das pessoas que o seguiam]. Levantou-se [e
os quatro grupos de sete que o acompanhavam levantaram-se também]. Calçou as
sandálias, refez o caminho dos lagos, das montanhas e dos rios e foi embora em
seu destino.
Um menino [dizem] o fez falar. Perguntou
o que pensou debaixo da figueira. As versões se dividem. Uns, que ele disse não
pensar em nada. Outros, que nada disse: sorriu e prosseguiu com seu caminho e
suas sandálias. Outros, que ele afirmou que não se pode se pode pensar no nada,
pois o Nada também é uma coisa, e pensar
em Nada não é pensar em Nada.
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