terça-feira, 13 de agosto de 2013

13 de agosto

Inesquecimentos
 
Diz a lenda [mas as lendas não dizem nada] que o Dervixe Kebrihot [tatara-tataravô do guloso Xeque Muattax, por sua vez tataravô do balofo SemiSultão Dhoxrux] incomodou-se com a perspectiva de deixar este mundo – e por alguma razão pouco compreensível quis permanecer nele. De forma ainda mais ininteligível decidiu que, já que não podia permanecer em osso e carne, permaneceria através de seus feitos.
 
Durante sete anos o Dervixe lutou em sete guerras, foi ferido sete vezes e matou [ele mesmo] sete mil inimigos. Para celebrar construiu nove torres [o descompasso de números ainda hoje ocasiona não poucos debates]. Nem isso sossegou seu coração. Pensamentos o atormentavam de que logo que virasse as costas [de modo eterno] seria esquecido por seus atuais bajuladores.
Decidiu [e isso não conta a seu favor] permanecer pela luxúria. Reuniu setecentas concubinas, com cada uma teve sete vezes sete cópulas no exíguo prazo de sete meses [degolados foram os traidores que espalharam que o Dervixe utilizava certa erva azul para consegui-lo]. Nem isso o acalmou [o pensamento de que suas amantes trocariam de amor o espicaçava].
 
Decidiu construir uma mansão, tão grande que meia cidade de Shmakant teria de morar lá. E deixou as portas sem travas – de forma que, de noite, com o vento sacudindo as portas, ninguém conseguiria dormir. E lembrariam sempre do Maldito Dervixe. Acalentado por tal pensamento, morreu em paz. [A mansão foi incendiada três dias depois].

Nenhum comentário:

Postar um comentário