sexta-feira, 16 de agosto de 2013

16 de agosto

Nacional Animal

O estranhíssimo governo da Primavera das Flores de Barro [em decisão também estranha] declarou hoje em 1918 que o Camelo Amhitariano [Camelus Amhitarius] seria doravante festejado como animal nacional.

Não foi a proverbial indolência camelina [pois no caso nem se aplica] que enfureceu os patriotas [que pretendiam bichos nobres como a Águia, o Tigre e até mesmo o Urso Polar (malgrado a inexistência deste último a menos de oito mil quilômetros do território nacional)]. Ao contrário de seus concorrentes de outros lugares [o saariano Dromedário (Camelus Dromedarius) e o mongólico Camelo Bactriano (Camelus Bactrianus)] o Camelo amhitariano detesta os desertos, ama as montanhas e as temperaturas acima de 15 graus o fazem pegar resfriado [sendo a gripe camelínea para ele absolutamente letal].

Não pode passar sem água, sendo o terror dos viajantes que passam por uma fonte que já foi visitada por uma tropa deles – eles a secam inteira. Ao contrário de seus dois concorrentes, os camelos de Amhitar são ativos até o desconforto. Muito antes do sol nascer ficam empurrando os focinhos nos pobres donos, incitando-os a continuar a marcha. Por causa disso foram abandonados como animais de caravana.

O problema dos patriotas é que, por ser tão fora das expectativas, o Camelus Amhitarius teria pouca utilidade para uma nação que queria se afirmar como parte do mundo civilizado, provocando tal bicho mais risos que propriamente respeito.

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