O estranhíssimo governo da Primavera das Flores de Barro [em decisão
também estranha] declarou hoje em 1918 que o Camelo Amhitariano [Camelus Amhitarius] seria doravante festejado
como animal nacional.
Não foi a proverbial indolência
camelina [pois no caso nem se aplica] que enfureceu os patriotas [que
pretendiam bichos nobres como a Águia, o Tigre e até mesmo o Urso Polar
(malgrado a inexistência deste último a menos de oito mil quilômetros do território
nacional)]. Ao contrário de seus concorrentes de outros lugares [o saariano Dromedário
(Camelus Dromedarius) e o mongólico
Camelo Bactriano (Camelus Bactrianus)]
o Camelo amhitariano detesta os desertos, ama as montanhas e as temperaturas
acima de 15 graus o fazem pegar resfriado [sendo a gripe camelínea para ele absolutamente letal].
Não pode passar sem água, sendo o
terror dos viajantes que passam por uma fonte que já foi visitada por uma tropa
deles – eles a secam inteira. Ao contrário de seus dois concorrentes, os
camelos de Amhitar são ativos até o desconforto. Muito antes do sol nascer
ficam empurrando os focinhos nos pobres donos, incitando-os a continuar a
marcha. Por causa disso foram abandonados como animais de caravana.
O problema dos patriotas é que,
por ser tão fora das expectativas, o Camelus
Amhitarius teria pouca utilidade para uma nação que queria se afirmar como
parte do mundo civilizado, provocando tal bicho mais risos que propriamente
respeito.
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