sábado, 24 de agosto de 2013

24 de agosto

Geniosos gênios

A existência de gênios da garrafa em Amhitar gera discussões que beiram [ou invadem sem peias] o terreno da bipolaridade – esta expressão [de gosto questionável], pronunciou-a o [inevitável] historiador romântico Dilafruz Michelet em discurso na Academia de Ciências de Amhitar em 24 de agosto de 1887 e tal data [que pouca relação guarda com o assunto] foi declarada [de início extra-oficialmente] como Jornada Nacional de Reflexão sobre Seres Dadivosos.

A discussão a que se referia o autor [de resto de forte caráter político] divide os partidários da questão em dois lados. Há os que consideram que os gênios vivem em garrafas; têm predileção por ilhas desertas; chamam seus salvadores de amo, concedem três [às vezes sete] desejos e são geralmente homens morenos e fortes (havendo uma minoria de louras esculturais vestidas de odalisca). Os adeptos de tal doutrina são apodados de entreguistas pelos outros, tal a semelhança dos seus gênios com gênios estrangeiros árabes.

Para a segunda escola eles não habitam garrafas; não chamam a ninguém de amo [na verdade não se comunicam]; não possuem corpos visíveis; e exigem grandes esforços [em trabalho e dinheiro] por parte dos beneficiários e às vezes nem com esses esforços eles dão nada. Esta escola é [não sem certa razão] apelidada de monótona.

Durante o regime socialista, o materialismo [talvez excessivo] da segunda escola concedeu-lhe o caráter de Pensamento Nacional Oficial, depois retirado.

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