A existência de gênios da garrafa em Amhitar gera discussões
que beiram [ou invadem sem peias] o terreno da bipolaridade
– esta expressão [de gosto questionável], pronunciou-a o
[inevitável] historiador romântico Dilafruz Michelet em discurso na
Academia de Ciências de Amhitar
em 24 de agosto de 1887 e tal data [que pouca relação guarda com o
assunto] foi declarada [de início extra-oficialmente] como Jornada
Nacional de Reflexão sobre Seres Dadivosos.
A discussão a que se referia o autor [de resto de forte caráter
político] divide os partidários da questão em dois lados. Há os
que consideram que os gênios vivem em garrafas; têm predileção
por ilhas desertas; chamam seus salvadores de amo, concedem
três [às vezes sete] desejos e são geralmente homens
morenos e fortes (havendo uma minoria de louras esculturais vestidas
de odalisca). Os adeptos de tal doutrina são apodados de
entreguistas pelos outros, tal a semelhança dos seus gênios
com gênios estrangeiros árabes.
Para a segunda escola eles não habitam garrafas; não chamam a
ninguém de amo [na verdade não se comunicam]; não possuem corpos
visíveis; e exigem grandes esforços [em trabalho e dinheiro] por
parte dos beneficiários e às vezes nem com esses esforços eles dão
nada. Esta escola é [não sem certa razão] apelidada de monótona.
Durante o regime socialista, o materialismo [talvez excessivo] da
segunda escola concedeu-lhe o caráter de Pensamento Nacional
Oficial, depois retirado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário